quinta-feira, 3 de março de 2011

Carta antes de partir...

Não se preocupem tudo está arrumado, todas as coisas em seus devidos lugares (diferente da minha vida), minhas contas estão pagas. Amigos, não tenham pena de mim, apenas cuidem dos meus pais, eles lutaram muito por mim, só lamento não ter sido o suficiente. Eu juro a todos vocês que eu tentei. Mas não posso mais viver nesse estado deprimente de decadência constante.
Imagino que todos devem estar se perguntando muitíssimas coisas, como por exemplo se eu era feliz. Eu era feliz? Não sei, nunca fui de buscar a felicidade, sempre esperei que ela se manifestasse na minha vida (quem sabe esse foi o grande erro). Vocês certamente estão se questionando em relação aos motivos que me levaram a ceifar minha própria existência né? Mas eu lamento muito, isso eu não vou dizer.
Carol, diga a Liz que eu a amei, ou melhor, que eu a amo, e morrerei amando-a. Diga também que a ter perdido foi uma das piores dores que eu senti. Mas não a culpe, ela não tem ligação direta com meu ato. Talvez indiretamente. Ah, Carol, fique com meu cachorro, vocês se dão muito bem. Cuide bem dele.
Já que comecei dividindo as minhas coisas. Lucas, fique com meu tênis preto com detalhes prata, aquele que você disse que havia gostado e eu comprei antes. Paulinho, com esse seu espírito amável e centrado, doe minhas roupas, meus sapatos e todas as minhas gravatas, elas já não me servirão mais. Já com a minha mobilha você pode fazer um bazar e vender. Exceto a TV , essa você pode  dar pra seu irmão, sei que ele vai morar sozinho em outra cidade(aproveita e deseje sorte a ele na faculdade) e não tem uma ainda, ah, pode dar meu PC a ele também, quero ajudá-lo de alguma forma.
Johnatas, você é o melhor amigo que uma pessoa pode ter. Queria ter muito dinheiro pra poder deixar pra você, mas não tenho. O que eu vou te deixar tem mais valor sentimental que financeiro, meus livros, meus DVDs, meus CDs... sei que não é muito, mas você sabe o quanto essas coisas valiam pra mim. E você vale muito pra mim, caro amigo.
Sei que fui cercado de pessoas maravilhosas, que nem mereci vocês. Não me considero fraco ou covarde, pelo contrario, tive a coragem de assumir minhas dores e minhas fraquezas. Vou cortá-las pela raiz. Já não posso mais preocupar vocês com minhas mazelas e meus problemas.  Sempre quis voar, mas nunca tive asas, mas aqui do terraço do meu prédio eu me imagino alado, pendendo minhas asas que estão prontas pra ruflar. Nesse momento eu fecho os olhos e tento achar meu rumo... a única coisa que sinto com clareza é o vento.
Aos amigos e familiares, eu só tenho a agradecer. Meu nome é Mauricio, tenho 22 anos. Por motivos muito intimistas eu encerro minha caminhada nesse momento. Eu escolhi isso.